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  • Foto do escritorWladinéia Danielski

ANSIEDADE: Os macacos e o caçador.

Atualizado: 28 de fev. de 2021

São várias as definições na literatura para aquilo que chamamos de Ansiedade. Uma delas afirma que Ansiedade é a sensação, as vezes vaga, de que algo desagradável está para acontecer, despertando sintomas como tensão, nervosismo, tremores, “frio no estômago”, entre outros. Tais sintomas, se acontecerem em situações corriqueiras da vida, como por exemplo falar em público, são completamente normais, não configurando um transtorno, visto que ajudam o sujeito a enfrentar suas dificuldades e a encarar situações sentidas como de perigo, seja ele real ou imaginário. Portanto, neste caso, a ansiedade não é nociva, e sim útil.


Conta um conto que havia na floresta dois macacos, e em um arbusto próximo escondia-se um caçador. Um dos macacos, ao ouvir o barulho das folhas se mexendo no arbusto, assustado e ansioso, parou sua caminhada a uma certa distância. O outro, menos cauteloso, aproximou-se do arbusto. Qual macaco não será aprisionado pelo caçador? Certamente aquele que ouviu sua reação corporal de ansiedade e não aproximou-se. Temos, então, a ansiedade a serviço da nossa proteção. Mesmo quando a ansiedade é intensa a ponto de prejudicar o desempenho do sujeito, se for episódica e circunscrita, não configura-se em um transtorno. Teremos um estado nocivo quando deixar de ser transitória.


Em outras literaturas temos a definição de ansiedade atrelada a questão temporal do indivíduo. Um autor chegou a afirmar: “ansiedade é a preocupação com o daqui a pouco”. Ou seja, ansiedade é uma vivência de expectativa tensa provocada por uma possibilidade que deixa em suspenso nossa posição presente. Portanto as expectativas nos colocam cara a cara com a ansiedade, sendo vivências que revelam a estrutura prospectiva e futurível do homem.


No entanto, ansiar pelo que está no futuro não é apenas uma questão individual e psíquica. Yuval N. Harari, em sua obra Sapiens: Uma Breve Historia da Humanidade (2016), nos fala sobre o conceito de Ordens Imaginadas. Do ponto de vista social e antropológico, as ordens imaginadas constituem-se em crenças e mitos que são construídos pela coletividade social e que definem nossos desejos pessoais de forma predeterminada. Por exemplo, segundo o autor, no mundo ocidental os desejos são também definidos pelos mitos românticos que nos dizem que devemos aproveitar ao máximo nosso potencial humano, tendo tantas experiências diferentes quanto possível. Pronto! Está atiçada, desta forma, a elevação das expectativas para a vida e a consequente preocupação com o futuro.


Resumindo, a ansiedade pode ser útil para organizar nosso movimento perante os imprevistos da vida, mas em nível mais elevado pode ser resultante de um grau excedente de expectativas e desejos para com o futuro, que nos são colocados pela nossa psiquê e pela ordem imaginada preexistente no contexto onde estamos inseridos.


Cabe a cada um de nós revisarmos o que queremos para nossa vida, em termos de futuro, mas também nos dedicarmos a vivermos o presente, de forma que a preocupação com o “daqui a pouco” não engula nosso aqui e agora.



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